Ressaca Literária

O Mulato – Aluísio Azevedo

              

Como você fica após ler um livro? E se esse livro não tem o desfecho que você gostaria ou imaginaria? São os efeitos da ressaca literária, você sente raiva e atira-o contra a parede, ou você fica nostálgico, saudoso por ter tido um fim lindo ou melancólico.

Pois eu não estou conseguindo descrever quais são os sentimentos que me invadem após ler O Mulato. Raiva talvez, frustração...

Quero aqui dizer que não estou levando em consideração os fatos da época como a escravatura e nem tão pouco querendo minimizar a obra desse grande autor, além do que, quem sou eu para tal coisa? Mas gostaria de poder sentar com ele cara a cara e perguntar: “o que realmente vossemecê pretendia passar ao leitor? Qual a emoção, comoção ou mensagem tinhas em mente? Porque eu completamente não entendo!

- O pai do Mulato, José Pedro da Silva, não teve sua morte desvendada, nem tão pouco o filho, Raimundo José da Silva. Ambos morreram a mesma morte, sem desvendar-lhe o mistério por detrás destas. O cônego, Diogo de Melo, ao final do livro, ficou à beira da morte (injustiça), sem culpa, sem remorso, sem piedade ou respeito a batina. Porém, o que mais me aborreceu, foi o fato de Ana Rosa, ter no fim de tudo, casado e tido filhos com o salafrário do Luís Dias, a segunda peça mais odiada por mim, dentro do livro.

- Daí por diante, a narrativa para mim só decai. Por se tratar de um Romance, deveria haver mais preenchimento deste contexto, haver mais história entre Raimundo e Anica. O autor deveria ter enchido mais o livro com o amor proibido dos dois. Não sei se porque Aluísio tinha apenas 20 anos de idade quando o escreveu, ou por eu ser uma romântica incurável.

- O filho que ela esperava de Mundico, não se sabe o que aconteceu. Com certeza, viveria as mesmas frustrações, tristezas e incertezas do pai. Sem saber o que realmente aconteceu com o pai, o avô e avó paternos.  

- Sem contar o desfecho de Domingas, do pai de Anica e da peste da avó, D. Maria Bárbara.

Termino aqui, com a frase que mais me deixou revoltada e transtornada, sem poder dormir, após o termino na leitura, as 5:00 da manhã. Tudo, em que passei o dia remoendo e tentando aceitar.

- “Agasalha bem o pescoço. LULU! Ainda ontem tossiste tanto á noite, QUERIDINHO!...”